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Como é celebrado o Halloween no Japão?

Você talvez imagine o Halloween como uma noite de doces e travessuras, fantasias assustadoras e abóboras iluminadas nas portas das casas. Mas e se eu te dissesse que no Japão essa data se transformou em algo completamente diferente — e visualmente insano? Sim, o país que adora misturar o tradicional com o excêntrico reinventou a festa ao seu estilo.

Apesar de não fazer parte da cultura japonesa tradicional, o Halloween encontrou terreno fértil nas ruas vibrantes de Tóquio, nas vitrines das lojas e no coração dos jovens. Mas não se engane: lá, a festa é menos sobre fantasmas e muito mais sobre performance e comunidade.

Prepare-se para conhecer um Halloween como você nunca viu.

A chegada do Halloween ao Japão

O Halloween não surgiu naturalmente na cultura japonesa. Ele foi, na verdade, importado pelo setor comercial. Lojas de departamento, parques temáticos e empresas de alimentos viram uma oportunidade de ouro para criar campanhas sazonais atraentes — e funcionou.

A Tokyo Disneyland foi uma das grandes responsáveis por essa expansão. Em 2000, o parque começou a promover eventos de Halloween que incluíam desfiles temáticos e decoração completa. O sucesso foi imediato. A partir dali, marcas, shoppings e bairros inteiros começaram a se mobilizar em torno da festa.

Hoje, o Halloween é celebrado de maneira massiva em áreas urbanas. E não tem nada a ver com pedir doces. No Japão, o foco está na fantasia, na estética e no espetáculo público.

Shibuya: o coração pulsante do Halloween japonês

Você quer entender como o Japão comemora o Halloween? Vá para Shibuya. O famoso cruzamento, já caótico por natureza, vira palco de um desfile espontâneo de fantasias, cosplay e interação social. Milhares de pessoas tomam as ruas no fim de outubro, fantasiadas de tudo que você puder imaginar.

Mas não pense em crianças pedindo balas. Pense em adultos com produções dignas de cinema. Zumbis com maquiagem profissional, personagens de anime reimaginados em versão sombria, e até fantasias que fazem críticas sociais sutis.

Até pouco tempo, o evento era totalmente espontâneo, sem organização oficial. Isso mudou após tumultos e excessos em anos anteriores, e agora o governo de Tóquio impôs restrições mais severas, como proibição de bebidas alcoólicas em certas áreas e aumento na presença policial. Mesmo assim, a multidão comparece — e transforma a rua em arela.

Aliás, você participaria de um evento como esse só pela diversão de se fantasiar?

Fantasias no Japão: do kawaii ao grotesco

Se tem algo que o Japão leva a sério, é a arte de se fantasiar. O Halloween virou uma desculpa perfeita para explorar o lado mais criativo — e muitas vezes sombrio — do cosplay.

Não é raro ver produções altamente elaboradas, com efeitos visuais, lentes de contato, órios mecânicos e maquiagem profissional. Há quem prepare a fantasia por semanas, se inspirando em personagens de anime, filmes de terror ou mesmo memes e cenas do cotidiano.

O contraste entre o kawaii (fofo) e o grotesco também se destaca. Uma pessoa pode sair vestida de enfermeira demoníaca com olhos de vidro, enquanto outra aparece como um ursinho com machado na cabeça. Não há limites — apenas expressão criativa.

Algumas lojas especializadas em cosplay e maquiagem até estendem horários e lançam coleções exclusivas para o Halloween. Isso alimenta a economia criativa e fortalece a relação entre moda e identidade, mesmo que só por uma noite.

Halloween nos comércios e parques temáticos

Além das ruas, o comércio japonês entra de cabeça na celebração. Supermercados, cafeterias, lojas de conveniência e até farmácias começam a vender produtos sazonais em setembro. São doces com embalagens temáticas, bebidas limitadas com sabores de abóbora e até decorações fofas com fantasmas sorridentes.

E não podemos esquecer dos parques temáticos. A Tokyo Disneyland e o Universal Studios Japan promovem eventos de Halloween durante mais de um mês. Nessas datas, visitantes podem assistir a paradas noturnas com personagens em versões "assustadoras" e aproveitar atrações modificadas só para o período.

Outro destaque é o Halloween Horror Nights no Universal Studios, em Osaka. O parque é tomado por zumbis performers, labirintos de terror e shows especiais. Se você gosta de adrenalina e maquiagem assustadora, esse é o lugar certo.

Para muitos japoneses, ar o Halloween em um parque é tão simbólico quanto o Natal em família.

Não é feriado, mas virou tradição

Apesar de toda essa movimentação, o Halloween não é um feriado oficial no Japão. As escolas seguem com aulas normais, e o dia 31 de outubro não tem nenhuma ligação com o calendário tradicional japonês. Ainda assim, o impacto cultural da data cresce a cada ano.

Por outro lado, não há ligação com elementos espirituais como no Obon, por exemplo — o festival tradicional que realmente celebra os mortos. O Halloween japonês é 100% voltado para o entretenimento e a experiência visual.

Isso pode parecer estranho, mas diz muito sobre como o Japão sabe adaptar símbolos estrangeiros ao seu próprio modo de vida. Eles não copiam — eles transformam.

Se você busca entender como uma cultura pode reinterpretar uma tradição estrangeira de forma única, está aí o exemplo perfeito. E fica a pergunta: se até o Halloween pode ser ressignificado, do que mais somos capazes?